Você já brigou com a sua profissão?

Daphne Blaskoski
2 min readJun 1, 2017

peraí, não tô louca. é isso mesmo.

fotografo há uns 5 anos já, profissionalmente (e é muito louco pensar nesse tempo todo). na vida, eu nem sei dizer quando foi que começou.
profissionalmente, comecei fazendo foto de tudo, porque precisava de experiência. mais experiência do que dinheiro. muita palestra, aniversário infantil, datas comemorativas em casa, paisagens, objetos… um pouco de tudo. maaaas, com o tempo, fui começando a ficar mais crítica e perceber que algumas coisas eu gostava mais, outras menos.

acontece que a minha paixão é registrar a beleza da vida, do jeitinho que ela é. minha avó costurando, no dia do casamento, meu vestido de madrinha; minha mãe fazendo compras; meu pai e meu avô assistindo televisão no último dia dos pais deles juntos. a vida é feita de coisas tão pequenas e especiais, né!? e eu prefiro levar comigo, na minha história, registros dessas pequenas coisas, não cenas criadas para mostrarem, de forma “bonita”, alguma época da minha vida. e acredito que eu não sou a única no mundo.

acho que isso veio da minha criação, pois tenho fotografias de tudo. agradeço muito aos meus pais por isso e peço desculpas por pecar e não proporcionar mais nenhum registro físico à eles após a chegada da digital. mas, voltando… tenho registro de tudo! ou quase tudo. de forma natural, sabe!? o amadorismo dos meus pais documentou de forma maravilhosa a minha história desde o início do namoro deles. não interessa regra ali, interessa a emoção, o momento e tudo o que a gente pode contar e lembrar ao rever aqueles álbuns.

acontece, então, que nesse momento eu me perco na paixão por documentar. e no dilema entre trabalhar com fotografia, fazer ensaios, e não documentar a vida como ela é. são mais de mil fotos para editar e nenhum brilho no olho, nenhum orgulho ou alguma história emocionante pra eu querer contar pro mundo.

e foi aí que eu briguei com a minha profissão. que eu nem sequer gostaria que fosse uma profissão, mas um hobby, projeto paralelo, algum meio de escape pras coisas que eu faço por obrigação, onde eu posso me perder, criar, me divertir e, principalmente, me realizar.

esqueçam a frase bonitinha “faça o que ama e não trabalhará nenhum dia da sua vida”, porque você trabalhará sim. as noites serão mais curtas, os dias mais longos. nem sempre você estará realizado e feliz. mas tá tudo bem, sim. às vezes, a gente só precisa de um tempo pra pensar, se organizar, por a casa em ordem. pra depois voltar, com todo o gás, com muito mais emoção.

talvez, agora seja a minha hora de parar e por a casa em ordem. será!?

não, não tem foto, não tem diagramação. isso foi só um desabafo.

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